quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Maioria de motociclistas que sofrem acidentes de trânsito são jovens

Jovens e imprudência igual a acidentes.
A cada ano observa-se um aumento não só na frota total de veículos circulantes no Brasil, mas especialmente, no número de motocicletas nas ruas. Em 2008, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) o número de motos existentes já era de 13,1 milhões, e representava 24% do total nacional de veículos.


Com o crescimento da frota de motocicletas, surgem também consequências geradas por tal fato.

De acordo com o “Mapa da violência 2011: acidentes de trânsito” divulgado neste mês, a única categoria que concentra mortalidade na faixa jovem é a dos motociclistas, com taxas extremamente elevadas dos 19 aos 22 anos de idade. Em 2008, o número de óbitos de jovens motociclistas foi de 4.447 vítimas, enquanto que as mortes registradas por acidentes de trânsito com carros foram de 2.269 no mesmo ano.


Segundo o especialista de trânsito, Celso Alves Mariano, a utilização deste meio transporte está associado a seu baixo custo e estímulos de compra, a economia de combustível, além de, muitas vezes a moto ser o passaporte para o acesso do jovem ao mercado de trabalho.


Para Mariano, dentre todos os veículos automotores, a moto é, sem dúvida, o de maior atração, já que representa a sensação de liberdade e autonomia tão desejada por todos, principalmente pelos jovens.

Dentre os problemas citados pelo especialista ao analisar as causas do intenso envolvimento de motos em acidentes graves e fatais está no fato dos CFCs (Centros de Formação de Condutores) prepararem os alunos muito mais para as provas do que propriamente para o trânsito.

Segundo Mariano, mesmo nos bons CFCs, o resultado do processo é ruim, pois, de um lado o aluno, seu cliente, quer apenas passar na prova e chegar a CNH. De outro, os Detrans fazem perguntas tolas ou pouco importantes nas provas, colocando os CFCs na obrigação de ensinar bobagens aos alunos. “A sociedade está perdendo a preciosa oportunidade de formar adequadamente os novos condutores”, afirma o especialista.


Quanto às aulas práticas, Mariano classifica como um “faz de conta” vergonhoso, onde o aluno é apenas adestrado para o teste do DETRAN. Assim, chegar a CNH para conduzir uma moto é perigosamente fácil: “no dia seguinte, já teremos mais um motociclista sem experiência nas ruas, muitas vezes transportando cargas ou pessoas. A qualidade na formação para a CNH Categoria A, está abaixo do mínimo aceitável”, lamenta Mariano.


O especialista cita dois grandes problemas: um de educação, pois não há uma formação adequada, e outro de cidadania, pois existe o faz de conta da formação. “A primeira habilitação acontece uma única vez e, portanto, precisa ser bem feita”, resume o especialista.


Em acréscimo aos problemas na formação, a falta de fiscalização também contribui para os resultados obtidos. De acordo com Mariano, se houvesse de fato um esforço legal para cumprir tudo o que está no Código de Trânsito de Brasileiro e nas Resoluções, a redução no número de mortes já seria bastante significativa.


Habilitação aos 16 anos


O ex-deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) apresentou no ano passado, um projeto de Lei que permitia que o jovem tirasse carteira de motorista aos 16 anos e que, em casos de acidentes, estes jovens fossem punidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente com medidas como advertências, prestação de serviços comunitários e internação por até três anos em estabelecimento educacional.


O projeto foi arquivado, pois o deputado não foi reeleito, mas a tramitação causou polêmica ao propor tais mudanças no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97).

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